Monday, January 30, 2006

Guadiana


Do cais do Pomarão o Guadiana corre para o céu. Foge dali a passo apressado. Os fantasmas de outrora assustam-lhe as águas.

Sunday, January 29, 2006

Os pós industriais


Pomarão, séculos XIX e XX. Um lugar extra-terrestre. Uma História para estudar. Uma parte de Portugal que não foi.

Saturday, January 28, 2006

Dedicatória


Ao Cesário Alberto Verde Caeiro.

Thursday, January 26, 2006

Basileia


ART BASEL 2005

Wednesday, January 25, 2006

Praga humana



"A espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência dos outros seres. Tornou-se uma praga que ameaça e destrói o equilíbrio do planeta." John Gray disse isto numa recente entrevista.

Tuesday, January 24, 2006

Oeste

Tenho saudades da costa Oeste: da nostalgia do sol morrente, da fúria das ondas leitosas de espuma fria, do erotismo das dunas escondidas e despidas pelo vento. No Oeste, a Vocação Atlântica permanece estirada nas areias.

Sunday, January 22, 2006

Interseccionismo

Composição I. Pensamento divergente, disse ela. Uma espécie de Chuva Oblíqua pessoana, penso eu.

Saturday, January 21, 2006

Magritte


Inspiração magritteana sobre casas de S. Pedro de Moel.

Friday, January 20, 2006

Adrenalina



É uma estrada infinita grávida e um estranho espaço-tempo curvo. É uma sensação de morte que por instantes nos arrepia a nuca.

Thursday, January 19, 2006

Paragem



Parar o carro, afinar a máquina fotográfica e trazer para aqui um pedaço de tempo colorido.

Tuesday, January 17, 2006

Maesagem

Uma bandeira de terra e céu estende-se pelo ar. O viço germina e faz-me esquecer os dias tórridos de chumbo liquefeito.

Monday, January 16, 2006

Entardecer


Há um entardecer triste no lugar onde vivo. Como se o dia que acaba já não contasse com os que vão partir no dia seguinte.
A desertificação é uma sombra doente.

Sunday, January 15, 2006

Sanlucar de Guadiana


Do alto do campanário da igreja de N. Sra. De las Flores em Sanlucar de Guadiana vi-me ao espelho. As duas irmãs separadas umbilicalmente pelo rio, escreveu Sousa Tavares, estão unidas por dois barqueiros desencontrados. O de lá faz curta sesta e admirou-se pela curta visita turística. O padre que guarda as flores de nossa senhora temeu pelo atraso para a missinha seguinte e correu-nos do santo templo. Parece que as cegonhas do barroco campanário também não perpetuaram tão grandiosa vista ou foram afastadas por não terem pedido licença ao senhor cura.

Memórias de Estrada


São 8H30 e o dia amanheceu frio. Não vou ao volante de um chevrolet pela estrada de Sintra, mas no meu cansado ZX pela Nacional 124, assim se chama o braço que une Alcoutim a Martinlongo. Saio da sede do concelho com vontade de chegar à terra do bom pão. Atravesso o deserto de Portugal embalado pelas rádios andaluzas. Por vezes a jactância do Nuno Markl lá me vai chegando como a água à torneira depois de ter faltado. A TSF não conhece a serra do caldeirão e as restantes hertzianas dispersam-se com os ventos.Guardado pelos renques de musculados eucaliptos, sugadores implacáveis das sobras da humidade nocturna, percorro com o olhar a perder de vista pinheiros mansos a haver, enfezados, a sonhar com as primeiras chuvas. A terra está dura e envelhecida, estéril e resignada. Um bando de perdizes, pesadas no seu voo assustado, evita a morte por atropelamento. A caça tem por estes lados seculares tradições: Alcoutim foi couto para romanos, árabes e cristãos certamente. Passei há pouco pelas cortadas para o Tesouro, Alcarias e Giões, onde a GNR impõe paragem obrigatória.Aqui e além moinhos esboroados pela ruína a testemunhar o abandono, a ilustrar a desertificação, a recordar as memórias da farinha que alimentou gerações. À chegada, lenta e forçada pelas bandas de abrandamento no asfalto, a Martinlongo, topónimo heterográfico com honras de televisão, a padaria que coze incansável a farinha do presente amassada com a água do futuro. Do seu generoso forno partem pela noite e estrada fora carregamentos de pão para todo o Algarve, para a capital e para a Espanha flamenca mais vizinha.No regresso, irei pelo entardecer empurrado pelos ventos do norte e ainda iluminado pelo sol de oeste que irá deixando nas nuvens lenços desfeitos com cores de esperança.

Decisão


Da minha janela não se vê o mar. Vou deixar as montanhas para ter diariamente esta maragem.

Saturday, January 14, 2006

Princípio

Festina lente, Apressa-te devagar
Octavius Augustus (Caivs Jvlivs Caesar Octavivs Avgvstvs), Imperador Romano - 27 a.C. a 14 d.C. é considerado pela Dicta Sapientia Latina o autor desta máxima.